Numa época onde celebridades se convertem e ateus de longa data abraçam um cristianismo cultural, cresce a cobrança sobre os evangélicos para que apresentem uma fé mais refinada, venerável e socialmente prestigiada. A batalha pela "salvação da civilização ocidental" exige escolher lados, e muitos se deixam seduzir por líderes que prometem defender a fé com autoridade e influência. A simplicidade da Palavra de Deus parece ter perdido espaço para os discursos inflamados dos novos superapóstolos — como se o Evangelho precisasse de reforços humanos para ser relevante.
Mas, como alerta Tiago Cavaco, essa tentação não é novidade: o apóstolo Paulo, em sua segunda carta aos coríntios, já denunciava a ilusão do poder que se exibe, por mais impressionante que pareça. Enquanto o mundo clama por triunfos visíveis e respostas imediatas, Deus pode calar-se — e em seu silêncio, revelar que a graça de Cristo, ainda que discreta, é mais que suficiente. Afinal, até um "não" divino, quando dado por amor, vale mais que todas as vitórias efêmeras.